domingo, 2 de setembro de 2012

Persio Neves Requejo



Nascido em São Vicente, em 11 de abril de 1913, era filho de Ignacio Requejo e de D. Eulampia Neves Requejo.

Passados dois dias do início do Movimento Constitucionalista de 1932, foi aberto alistamento para candidatos voluntários, a fim de servirem no 1º Batalhão da Liga de Defesa Paulista. Segue de São Paulo em 22 de julho.

Pérsio, que muito jovem já trabalhava como corretor de café, contrariando o desejo dos pais, teve que fugir para se alistar. Seus irmãos Homero e Rubens, o primo Luiz R. Sobrinho e o cunhado Érico já estavam alistados e Pérsio, engajado no movimento revolucionário, queria acompanhá-los.

Conseguiu e, após os primeiros exercícios feitos na unidade da Força Pública, foi incorporado ao 1º Batalhão da Liga de Defesa Paulista sob as ordens do Tenente Neto e seguiu para o “front”.
Seu primeiro campo de batalha aconteceu em Cunha, visando à retomada desta cidade que se encontrava em poder das forças ditatoriais. A cidade é retomada em 16 e 17 de agosto. É promovido a Cabo por ato de bravura. Depois de acirrada luta (ocasião em que testemunhou a morte de um companheiro de tropa ferido por bomba) juntamente com outros compatriotas foi feito prisioneiro de guerra.

De Cunha, esses prisioneiros foram enviados para a Cadeia de Parati, depois para a Casa de Detenção do Rio de Janeiro, de onde foram posteriormente enviados para Ilha das Flores e Ilha Grande, onde permaneceram até meados do mês de setembro.

Na Ilha das Flores, estava também presa a Legião Negra, que após ter sido feita prisioneira de guerra, teve alguns de seus soldados, covardemente mortos a tiros.

Nesta ilha, cercada por arame farpado com choque elétrico, pois tinha a finalidade de abrigar elementos perigosos, presenciaram jovens soldados idealistas morrerem eletrificados na tentativa de fuga.

Decorrido este período, os prisioneiros de Ilha Grande foram postos no navio Denderá e embarcados rumo a Santos, estando eu dentre eles. Chegaram a Santos altas horas da noite, sendo libertados pela madrugada, sem a presença de nenhuma autoridade militar.
Devido à hora avançada, seguiu direto para sua residência,  motivo pelo qual não se apresentou na Força Pública para fazer a desincorporação militar.
Esse proceder gerou o fato de não ter recebido promoções militares pelos serviços prestados. Sempre atuou na linha de frente.

Pérsio foi um dos fundadores da Associação Capacetes de Aço, criada em outubro de 1957, com o objetivo de preservar a memória dos ex-combatentes. Uma das principais realizações da Associação foi a construção do Mausoléu do Soldado Constitucionalista, no Cemitério Municipal de São Vicente para onde será transladado neste octogésimo aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932, data em que reverenciamos o espírito combatente que prevaleceu naquela época.

Casou-se com a Sra. Clélia Duarte Requejo, tendo havido dessa união três filhos: Afonso Celso Duarte Requejo, Sarah Lucia Requejo Amaral e Marina Célia Requejo de Sá.

Faleceu aos 90 anos, em 26 de dezembro de 2003.


Marina Célia Requejo de Sá - filha do citado combatente e 1ª tesoureira da Associação Cívica, Cultural e História dos Capacetes de Aço de São Vicente.
  

Palavras da Sra. Marina Célia Requejo de Sá por ocasião do translado de seu pai para o Mausoléu dos Ex-combatentes de 1932

Pai
Esta foi sua última viagem, transcurso que o levou ao encontro de seus familiares, tal como quando se alistou na Revolução de 1932.
Neste mausoléu o aguardam: seus irmãos Homero Requejo e Rubens Neves Requejo, seu primo Luiz Requejo Sobrinho e seu cunhado Érico Gonçalves Pereira.
Agora ficarão juntos para sempre, nossos heróis.
Descansem em paz, na certeza do dever cívico cumprido, até que um dia possamos todos nos reunir na eternidade, filhos, netos e amigos, diante do Supremo Herói – Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém.

São Vicente, 8 de julho de 2012


Cinzas do combatente Persio são transportadas por soldados com destino ao Mausoléu dos Ex-combantes de 1932.


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